Necessária a negócios de todos os portes, a inovação nas empresas pode acontecer por diferentes processos. O ponto em comum de todos eles é a criatividade. No entanto, é preciso gerar resultado. Ou seja, para serem consideradas inovações, as boas ideias precisam ser postas em prática e trazerem retorno positivo para o negócio.
Steve Jobs tinha uma visão bem particular sobre como implementar a inovação nas empresas. “Processos nos tornam mais eficientes, mas a inovação vem das pessoas se encontrando nos corredores ou trocando ideias que tiveram, uma sacada sobre algo extraordinário às 10h30 da noite. São reuniões ad hoc com pessoas convidadas por alguém que vai trazer a coisa mais cool para saber o que elas acham. E de dizer não para 1000 coisas” (adaptação do caso Apple da Harvard Business Review).
Para validar cada uma das iniciativas citadas pelo gênio que reformulou a comunicação e o consumo de música no mundo você deve estar se perguntando sobre qual caminho trilhar. E eles existem!
Diversos estudos, um deles realizado pela IBM com 1500 lideranças e confirmado por outro da Adobe, sugerem que sem criatividade não será possível solucionar os desafios do nosso tempo. Aplicá-la para gerar inovação tem sido um dos principais objetivos estratégicos das empresas que buscam atingir esta meta a partir de três diferentes formas.
À sua maneira, cada uma delas traz a possibilidade de incremento ou disrupção que acabam por possibilitar o diferencial estratégico para manter a organização sólida no mercado.
Neste artigo você conhecerá algumas formas para implementar a inovação, além de saber mais detalhes sobre as mudanças internas necessárias para efetivar a inovação na cultura organizacional e suas práticas de mercado, gerando resultados sustentáveis para pessoas e organizações.
O que é preciso para ter inovação nas empresas?
O ponto determinante para que a inovação nas empresas aconteça de maneira efetiva é o compromisso dos gestores da organização. Somente a partir de investimentos organizados e sistemáticos que se conseguirá atingir resultados satisfatórios.
Empreendedores como Richard Branson (fundador e CEO da Virgin), Michael Dell (fundador e CEO da Dell), Howard Schulz (fundador e CEO da Starbucks) e tantos outros têm uma coisa em comum: levam a sério a inovação com suas equipes, investindo em recursos (humanos, técnicos, financeiros) e apostando na experimentação. Por isso as empresas que comandam parecem estar sempre em modo beta, em permanente inovação.
O líder do futuro está mais requisitado do que nunca. E ao dar a importância devida a inovação e estar disposto a realizar as mudanças necessárias para concretizá-la, o próximo passo é entender as alternativas para criar as condições de implementação.
Entenda os tipos de inovação nas empresas
Com diferentes níveis de impacto, a inovação conta com duas principais possibilidades, podendo ser incremental ou disruptiva, sendo que a principal diferença entre elas é o fator inédito.
Isso porque, enquanto a inovação incremental realiza melhorias em um produto, processo ou serviço pré-existente, a disruptiva cria uma solução ainda desconhecida para todos, provocando uma novidade com alto poder de impacto.
Normalmente as inovações incrementais acontecem na parte interna da empresa, melhorando os procedimentos cotidianos, fazendo com que o benefício seja em economia e melhora na produtividade.
Já a disruptiva costuma ter os clientes e o mercado sob o seu foco, a fim de promover novas alternativas aos problemas da vida de seus consumidores. No entanto, nada impede que o inverso aconteça.
O importante é que o fomento à inovação seja irreversível e se mantenha em constante movimento na rotina de trabalho da empresa. Veja abaixo como começar a aplicá-las.
As maneiras de implementar inovação nas empresas
As pesquisas citadas na introdução demonstraram três caminhos diferentes para conseguir fazer a inovação entrar no cotidiano da empresa. Elas podem ser complementares, sendo possível praticá-las simultaneamente dentro da organização.
Fomento às ideias
De forma contínua, esta é a alternativa em que pessoas e as equipes são estimuladas por meio de programas ou concursos de ideias a melhorarem os processos.
Em geral, este modo promove melhorias incrementais na empresa tanto internamente (maior eficiência, produtividade e qualidade) como externamente (maior valor percebido pelos clientes).
A Votorantim tem adotado programas deste tipo e ideias como o “Obra Fácil” no negócio de siderurgia, no de formulação de argamassas e no negócio de cimentos, tendo todos gerando ganhos de produtividade na ordem de 10% a 30%.
É importante ter iniciativas de reconhecimento das ideias, através de premiações e divulgação dos esforços empregados (cargo do funcionário, tempo de casa, motivação e percepção que o levaram a ter o insight).
Outro ponto relevante é deixar claro os porquês que levaram algumas ideias a serem aplicadas e as demais não. As empresas grandes devem colocar os requisitos que cada sugestão precisa atender para ser levada adiante.
Os gestores de cada setor devem ter papel ativo ao se colocarem à disposição e terem o incentivo da empresa para que auxiliem os liderados a desenvolverem da melhor forma possível suas ideias.
Situação que acontece de forma mais simples em empresas menores, que têm condições de apontar ao funcionário os pontos falhos da ideia para que ele seja estimulado a melhorá-la ao invés de se sentir ignorado ao não ter nenhum tipo de feedback.
Pesquisa e desenvolvimento
A Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) ou de Design acontece por meio de processos estruturados com equipe, infraestrutura e tecnologia específicas.
Nesses casos há objetivos estratégicos e metas claras a serem cumpridas a partir de pesquisas aplicadas, cocriação e desenvolvimento de novos processos, tecnologias, produtos, serviços ou marcas.
Empresas que têm esta postura inovadora costumam investir 50% de tempo e recursos a mais com pesquisa do que empresas não inovadoras. É o exemplo da Marcopolo no Brasil, que expandiu o Design Center em um Innovation Center. Agora, além de projetos de ônibus há também a criação de conceitos futuros para mobilidade urbana.
A Siemens, no Brasil e no mundo, já trabalha há 10 anos com o Pictures of the Future, um processo sistemático de criação de ideias para produtos e serviços a partir de imagens de como será futuro em um horizonte de 20 a 30 anos.
Aquisições e parcerias
As aquisições e parcerias se dão via projetos especiais, incubados e acelerados que são administradas por equipes e recursos alocados especialmente para criar e experimentar as novidades, muitas delas fora do negócio principal das empresas.
A Google X Lab, divisão da Google dedicada a estes projetos, ficou conhecida por ter antecipado invenções como o Google Glass, o carro autoguiado e balões que oferecem conexão à internet.
Há poucos anos, a 3M decidiu criar o 3M New Ventures que hoje já representa 0,5% do faturamento para investir em startups de tecnologias promissoras de futuro em áreas como biotecnologia muitas delas originadas em lugares como Israel ou Vale do Silício.
A Telefônica do Brasil tem a Wayra, uma incubadora de startups digitais que certamente irão impulsionar os serviços de telefonia e banda larga da empresa.
Identificar startups, a fim de somar a solução desenvolvida por elas com os recursos e experiência das companhias, é ação relevante para implantar inovação nas empresas, pois une o que ambas tem de melhor de maneira complementar.
Qual dos processos devo escolher?
Dada as características citadas acima, é possível perceber que o potencial de investimento da empresa é um dos fatores cruciais para determinar qual ou quais caminhos será possível escolher para implantar inovação nas empresas.
Outro indício é o objetivo da empresa, pois, ainda que toda forma de inovação seja bem-vinda, focar na que mais corresponde ao momento da empresa e projeções da empresa é mais coerente.
Assim, se você comandar um negócio orientado para processos, que precisa continuamente buscar melhoria na eficiência e qualidade percebida pelos clientes, talvez a primeira forma (fomento às ideias) de inovação abordada seja a melhor opção para iniciar.
Agora, se quiser estar sempre à frente da concorrência, sendo o primeiro a lançar novos produtos ou novas tecnologias, o segundo modo (pesquisa e desenvolvimento) é o mais indicado para garantir a vantagem competitiva desejada.
E se quiser sair completamente de fora da caixa, antecipar tendências e experimentar novidades, não tenha dúvidas que o perfil de inovação a ser aderido é o terceiro (aquisições e parcerias).
Propagar a cultura da inovação
E para que todos os esforços sejam refletidos nos indicadores de maneira positiva, é fundamental que a inovação não seja um setor a mais da organização. É preciso que se consolide no modus operandi da companhia.
Ou seja, comportamentos que favoreçam a criatividade devem ser estimulados. Como, por exemplo, a colaboração entre profissionais e entre as áreas diferentes, a tolerância ao erro e o reconhecimento às tentativas, recompensas a funcionários, realização de feedbacks e transparência sobre os planos de futuro da empresa para que todos se sintam parte.
Realizar capacitações com os líderes também é ponto crítico, uma vez que precisam favorecer esse movimento criativo focado em resultado. Eles precisam estar convictos sobre os benefícios de propagar a cultura da inovação na rotina de trabalho que comandam e ter ferramentas para conseguir concretizá-la.
O futuro previsível com a gestão da inovação
Toda gestão é alimentada por dados que norteiam as tomadas de decisão. Iniciar todo e qualquer processo com metas e indicadores claros é premissa de todo administrador, o que é válido também para a inovação.
Ainda que seja estimulada pela criatividade, a inovação precisa ser orientada para que os recursos empregados sejam utilizados de modo a trazer resultados expressivos.
Evidentemente, nem todas as boas ideias serão sucesso de mercado, mas criar meios de aprimoramento e aproveitamento dos pontos fortes de cada projeto interrompido para impulsionar outros é uma das maneiras de sempre gerar e agregar valor às soluções da companhia.
De maneira consistente e constante, ao perseguir a inovação será possível perceber desdobramentos dela por toda a empresa. O clima inovador tende a dar voz para as pessoas mais importantes: os clientes e os colaboradores que materializam o posicionamento e solução da empresa.
As sugestões e necessidades de alteração internas devem ser analisadas mas abraçadas pela gestão, que precisa estar sob as diretrizes da liderança criativa. Entender que o processo inovador é cíclico (sempre se renovando) e que uma grande descoberta não dá espaço para conforto, devido ao mercado competitivo, também é uma certeza a ser aceita.
A escolha pela inovação é um passo irreversível para sobrevivência, já que o mundo VUCA não admite repetições, mas anseia pelo novo e melhor diariamente. Como estímulo, provocar a inovação nas empresas é estar em contato contínuo com ideias, possibilidades e a adrenalina que só é conhecida por quem se encoraja a criar o futuro.