Storytelling
Um dia na vida de Antônia


O despertador de Antônia toca pontualmente às 6h da manhã. Ela se levanta ainda sonolenta e prepara o café da manhã para, em seguida, acordar seu filho Lucas e levá-lo à escola. Esta rotina se repete todas as manhãs, ao menos naquelas em que Antônia não está na estrada. Cuidando de seu filho apenas com a ajuda da mãe, Dona Clara, ela trabalha com transporte rodoviário, viajando por estradas de todo o país.

Antônia chegou de sua última viagem há dois dias esperando poder ficar com seu filho por mais uma semana antes de receber um novo trabalho. Deixando a casa, mãe e filho seguem de metrô até a escola e se despedem já planejando o passeio noturno ao shopping. Ao voltar, porém, o telefone de Antônia toca e ela recebe uma nova designação: é preciso pegar a estrada ainda nesta manhã e, sentindo o coração apertar, Antônia sabe que não poderá ver o filho novamente nos próximos dois dias. Sempre preocupada, Antônia sabe ser superprotetora às vezes.

Mesmo pesarosa Antônia aceita o trabalho e em poucos segundos as informações sobre o tipo de carga, destino e trajeto são descarregadas em seu smartphone. Ela prepara rapidamente sua bagagem e requisita um veiculo elétrico de transporte, disponível para pequenas viagens, que guiará até a Central de Transporte, onde se encontra seu caminhão.

Chegando lá, Antônia descarrega as informações no computador de bordo do veículo, se informa sobre as condições de trânsito e o computador indica a melhor rota, baseado em horários e vias ideais para o tipo de veículo e carga. As estradas mudaram muito desde que viajava com seu pai, quando criança.

Antônia segue então para o Centro de Distribuição, que conecta ás rodovias cargas trazidas por transporte ferroviário. O Centro é enorme e todos os dias dezenas de trens chegam e são carregados ou descarregados com mercadorias de todos os tipos. A conexão de modais trouxe maior eficiência em toda a rede de transporte. Na entrada, o sistema do Centro guia o veículo ao ponto de carga designado e o caminhão é carregado rapidamente com ajuda de máquinas especialmente projetadas.

Finalmente, pronta para pegar a estrada, Antônia recebe uma chamada de vídeo, projetada no pára-brisa do veiculo e seu coração se aperta no mesmo instante. Na projeção, Lucas é quem aparece sorrindo e logo pergunta quando sua mãe irá voltar. Pela pequena câmera instalada no painel, Antônia conversa com o filho, prometendo estar em casa o mais rápido possível. Já na rodovia, o veículo operado por Antônia segue o trajeto planejado. Durante todo o caminho, Antônia recebe informações sobre as condições das vias, trânsito, limites de velocidade e condições climáticas através das projeções holográficas no postes de comunicação nas vias, personalizadas através do uso de realidade aumentada. Das viagens com seu pai, Antônia se lembra de que isso não existia e a comunicação com os operadores da via e outros veículos era, muitas vezes, precária. Em certas situações não foi possível evitar acidentes. Apesar de sentir-se segura, a preocupação em voltar para encontrar seu filho mais uma vez não deixa o pensamento de Antônia.

O tempo de viagem está estimado em dois dias e logo no final da tarde Antônia utiliza o sistema de comunicação da via, através de um aplicativo no computador de bordo para reservar um quarto no Road Center mais próximo. Estas bases oferecem alojamento, alimentação e outros serviços e a possibilidade de reserva permite uma viagem melhor planejada, segura e confortável.

A noite está muito bonita e quente. As árvores na paisagem ao longo da rodovia trazem uma sensação bem familiar para Antônia. Ela passou a maior parte da sua vida na estrada, e agora consegue lembrar-se perfeitamente de quando as primeiras árvores luminosas foram plantadas nesta mesma estrada e de como olhava para elas pela janela do caminhão de seu pai.

Após o pernoite e agora bem descansada, Antônia volta à estrada novamente. Depois de seguir por alguns quilômetros, ela recebe uma sinalização de neblina na pista adiante e redobra a atenção. Alguns minutos depois seu caminhão está completamente envolto na neblina. Situações assim costumam ser bastante estressantes, mas nos trechos de baixa visibilidade as sinalizações de LED entram em ação por toda a estrada, facilitando a direção. Dentro de pouco tempo, Antônia deixa a neblina para trás e consegue aumentar o ritmo até chegar a sua destinação final.

Ali, sua chegada já estava programada, baseada no acompanhamento remoto do trajeto e no tempo estimado de viagem. Dentro de poucos minutos o caminhão é descarregado e Antônia se prepara para voltar à estrada. Antes, porém, recebe uma chamada de vídeo de sua casa. Na chamada, Lucas não aparece, apenas sua avó, Dona Clara. Antônia estranha à ausência do filho e logo recebe a noticia de que Lucas havia sofrido um pequeno acidente na escola e estava no hospital em observação. O coração de Antônia aperta e ela deseja desesperadamente estar com Lucas novamente.

Assim que a chamada é desconectada, Antônia volta à estrada, determinada a voltar para casa ainda no mesmo dia. Para isso, Antônia programa um trajeto que prioriza o tempo de viagem, mas que a leva por uma estrada que não lhe é familiar.

Mesmo apreensiva, ela decide arriscar.

Esta estrada corta uma planície muito grande e segue lado a lado com uma ciclorodovia, planejada para viagens a longa distância de bicicletas. Antônia segue à toda, quando recebe um alerta de mal funcionamento do motor. Mesmo a contragosto ela é obrigada a reduzir a velocidade e parar na faixa de acostamento. Ao estacionar na faixa, uma sinalização é acesa na pista, indicando o veículo parado ali.

Antônia envia, então, uma mensagem ao socorro da concessionária da rodovia e se senta no meio-fio, esperando impaciente. Minutos depois um pequeno drone sobrevoa a cena enviando imagens do local à central de monitoramento para, logo em seguida, um carro da concessionária trazer uma dupla de mecânicos especializados. Ao chegar eles acessam o computador de bordo do caminhão e com isso descobrem precisamente o local da falha mecânica e informam Antônia que o problema levará mais de uma hora para ser resolvido. Ela agradece aos rapazes e baixa a cabeça: a cada minuto vai ficando mais preocupada e desesperada por não estar com seu filho e só consegue pensar em abraçá-lo novamente.

Antes de completar o tempo planejado, surpreendentemente, o problema mecânico é resolvido pela equipe de mecânicos e Antônia consegue respirar um pouco mais aliviada. Entretanto, sabendo que ainda está a algumas horas de casa, ela segue decidida.

Já anoitece quando Antônia estaciona seu caminhão na Central de Transporte ela toma um micro ônibus que permite chamadas reservadas (ela queria acompanhar o estado de Lucas) , que a leva até poucas quadras do hospital. Chegando à recepção, o médico está a sua espera e consegue acalmar a angustia da mãe. Antônia pede para ver o filho imediatamente e é levada ao quarto.

Ainda pela janela de vidro consegue avistar seu filho adormecido, e Dona Clara também cochilando na poltrona ao lado da cama. O coração de Antônia se aquece novamente e ela sorri tranquila. Mesmo sentindo uma vontade enorme de abraçar o filho ela prefere não acordar Lucas, apenas puxa outra poltrona e senta-se ali, sem tirar os olhos do filho até que, finalmente, ela também adormece.

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